domingo, 3 de maio de 2009

Paisagens, lembranças e a chegada

Os planos abertos de A Janela (Carlos Sorin, 2008) e um tanto da linguagem poética - apropriada como matéria para exacerbar as lembranças - remetem à Nostalgia (Andrei Tarkovski). Enquanto a afinação do piano estabelece diálogos agonizantes com as marcações do relógio, Antonio Larreta, escritor de 80 anos aguarda a visita de seu filho em sua fazenda, no norte da Patagônia. Muito adoecido, analisa alguns dos delicados fragmentos presentes em sua sua memória.

Tanto um singelo bonequinho de chumbo encontrado dentro do piano, quanto o livro “A história universal da infâmia”, de Jorge Luis Borges - primeira edição, autografada e depois carinhosamente doada a um visitante - constituem a arquitetura de um lar onde tempo e espaço agonizam.

É difícil não remeter aos filmes de Ingmar Bergman, como por exemplo, Morangos Silvestres, onde um professor é atormentado por fantasmas e as torturas oníricas metaforicamente estabelecem um embate existencial. A análise pode ter como parâmetro Gritos e sussurros, também do diretor sueco: o claustro é deveras predominante.

Em determinado momento, o escritor contempla o campo da janela de seu quarto e parece convocado por aquela esfera bucólica. Mesmo muito enfermo, ergue-se do leito e aceita “o convite”: o estímulo parece ser pela chegada do filho, ou o ímpeto pela realização de um dos seus desejos finais.

Por outra analogia as teclas, ponteiros, badaladas e elementos orgânicos parecem anunciar a chegada de uma visitante mais temerosa..

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. olá! obrigada pelo comentário! já postei várias vezes, mas aí deu "a louca" em mim, deletei os antigos posts e resolvi começar do zero! rs eu adoro escrever coisas sobre mim, já que tem vezes que não tenho com quem desabafar, acabo escrevendo "rios de textos" sobre mim. que bom que gostou, depois desse seu comentário vou passar a lembrar de postar aqui no blog!

    beijos!

    ps.: adorei seu blog também!

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