Grandioso, William Faulkner - uma das inspirações para a criação desse blog, diga-se - é um dos mais geniais romancistas do mundo (afirmação esta, sem qualquer pudor e/ou receio de hipérboles). Enquanto agonizo (A L&PM lançou este ano uma edição, pela coleção de pockets) possivelmente seja a obra com maior potencial renovador na carreira deste escritor americano.
Apropriando-se da técnica do relato, o livro publicado na década de 30 é rico em metáforas e labirintos oníricos; o leitor pode em várias circunstâncias ter a sensação de desencontro, mas logo situa-se através de rastros - embora um tanto subjetivos - e referências imagéticas no decorrer da leitura. Tudo chega a parecer intangível, mas é (sensorialmente) possível "localizar-se" nos retalhos literários de Faulkner.
O fluxo psicológico envolve a humilde família Bundren, cuja missão é realizar o último desejo de Addie, a matriarca que sempre quis ser enterrada na cidade de Jefferson.
Comovido pela simplicidade deste sonho, Anse - o marido - prometeu ser fiel ao sonho da esposa. Repleta de questionamentos filosóficos, assim inicia a saga dos camponeses - rudes e sofridos.
Em capítulos bem curtos - teatralmente - aos poucos cada personagem se revela: pela forma de falar, como reagem aos acontecimentos, exacerbam seus conflitos. Através de enigmas, projetam um mosaico de sensações. Cada relato é a chave para uma nova atmosfera, onde a noção temporal é ambígua e repleta de signos.
Assim, Enquanto agonizo - através dos devaneios - questiona e reformula os conceitos que norteiam os meandros da denominada 'verdade' e como diria o próprio mestre:
" Ninguém procura ser obscuro só pelo prazer de sê-lo. Mas em certos momentos, o escritor é simplesmente incapaz de encontrar um meio mais eficaz de contar a história que busca contar".
terça-feira, 9 de junho de 2009
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