sexta-feira, 24 de abril de 2009

"I celebrate myself"


Com essa frase pequenina, Walt Whitman, dá início a sua gigantesca obra que é: "Leaves of grass". E o que não é um blog, que não uma celebração de Si mesmo? Um uníssono em primeira pessoa, sendo repetido nos blogspots, bloggers e wordpresses da vida. Não ache que aqui será diferente, não teremos outros assuntos (eu e meu comparsa) além de nós mesmos, ou de nossas experiências musicais, nossas leituras. Voltando ao Whitman, ele demonstra um lado blogueiro vivaz, inicia sua primeira edição da obra com um poema chamado "Song of myself" que define toda a verve umbiguista do proto-blogueiro que foi Whitman.


"I celebrate myself,
And what I assume you shall assume,
For every atom belonging to me as good belong to you.

I loafe and invite my soul,
I lean and loafe at my ease . . . . observing a spear of summer grass."


"Eu celebro a mim mesmo,
E o que eu assumo você vai assumir,
Pois cada átomo que pertence a mim pertence a você.

Vadio e convido minha alma,
Me deito e vadio à vontade . . . . observando uma lâmina de grama do verão."


O que mais me impressiona na obra de Whitman, além de ele ter uma quedinha pela vadiagem e ser totalmente auto-suficiente, é sua vocação iconoclasta. Os leitores que primeiro se depararam com a edição inicial de Leaves... se perguntavam: Seria prosa? Poesia? Diziam até que que o livro não trazia o nome do autor nem na capa nem nas páginas de apresentação. A assinatura autoral só aparecia no meio do poema de abertura, já na página 28: "Walt Whitman, um grosso, um cosmo". Quem era o autor, afinal?

Um jornalista e carpinteiro nova-iorquino de 36 anos, olhos azuis, já conhecido no meio, com fama de preguiçoso, e que preferia a companhia de gente do povo a intelectuais, totalmente fora dos círculos literários da época. Alguém que, antes de 1855, havia publicado alguns editoriais contundentes, resenhas, poemas, mas nada mais consistente. Um arrimo de uma família pobre e problemática do Brooklyn, que quase não frequentou a escola, se auto-educando na universidade das ruas, praias, antros, bibliotecas públicas, teatros, óperas e jornais de Nova York.

Ainda preso a ídolos da adolescência, me custava acreditar que Leaves tivesse realmente sido um antecessor de Illuminations de Rimbaud, não que isso tire o gênio do poeta adolescente, mas deixa o leitor aqui, se perguntando: Porquoi je ne pas pense a çà avant?. Ele também foi publicado dois anos antes de Fleur du mal, o que confere a Whitman o status máximo da vanguarda poética. Além de todas as qualidades, os versos de Whitman, falam --em um exercício extremo da metalinguistica-- sobre a revolução, revolucionando.

Um comentário:

  1. mandou bem no contraponto!
    "e o que não é um blog, que não uma celebração de Si mesmo?" muito bom!

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