domingo, 24 de maio de 2009

"Me gusta estar ao lado del camino"

Desde que era um garoto que jogava bola, tenho uma relação de afastamento de gravações ao vivo, pensava: "ou é gravado ou ao vivo, não dá para ser ambos ao mesmo tempo". Minha paixão pelo Dylan, é muito antiga, e lembro quando comprei cheio de esperanças e com as economias de duas semanas sem merenda escolar, o duplo: Before the flood, de Dylan, acompanhado pela The Band, apesar de ali encontrar todas as canções que sempre desejei ver reunidas, a decepção foi total, até achava que algo errado se passava com a agulha, ou as caixas de som do meu "3 em 1". O barulho da platéia se fazia mais alto que a guitarra de Robbie Robertson, os gritinhos de fãs histéricas eram mais agudos que a até então lancinante harmonica do cantor judeu. Depois dessa decepção com aquele vultoso investimento no vinil duplo de Dylan, ainda voltei a cometer erros com gravações ao vivo, mas nesses tempos meu gosto musical já era um erro, comprei (é, preciso confessar) um CD ao vivo da banda de metal alemã, Blind Guardian, até meu ouvido fascinado com a barulheira e falta de sentido do Heavy Metal sabia que havia algo de errado ali.

O ano de 2009 vem trazer a redenção dos discos ao vivo, pelo menos duas pérolas duplas, como Before the Flood, já foram lançadas no mercado brasileiro de discos. Começo pelo velho menestrel canadense, Leonard Cohen, em um grande concerto na cidade de Londres depois de um longo tempo sem subir aos palcos (havia até uma boataria sobre a possível aparição do versador canadense no Tim Festival do ano passado) por ter se refugiado em um mosteiro budista, Cohen parece não ter perdido a forma. O CD-concerto tem quase 3 horas de duração e Cohen mantém o barítono assustador da voz que me causava assombros na infância, por toda a extensão do espetáculo-disco. L. Cohen tem 74 anos de idade e um repertório recheado de clássicos, e o próprio Cohen, antes de anunciar um de seus textos clássicos diz: "Faz um tempão desde minha última aparição em palcos londrinos, foi há 14 ou 15 anos atrás, eu tinha 60 anos, e era apenas um garoto com um sonho maluco. Desde então eu tomei um monte de Prozac, Paxil, Wellbutrin, Efexor, Ritalin, Focalin... eu também estudei um monte de filosofias e religiões e gentilmente continuo procurando. Mas eu quero dizer a vocês apenas uma coisa, que não pode ser contradita facilmente: 'Que não há cura para o amor'. Então a voz de barítono em contraponto com a suavidade do sempre presente coro feminino que o acompanha ataca There ain't no cure for love, é realmente emocionante a interpretação impecável e cheia de emoção de todos sobre o palco, e o som, ao contrário dos discos ao vivo da minha infância é de uma limpidez espelhar.

O ponto alto da apresentação-gravação fica para o final quando Cohen destila o seu "Velho sussurro da morte"* na canção mais pungente e torturada que um canadense já compôs, a minha preferida que é também a do meu pai (acho que a unica preferência que tenho igual a ele, em todos os campos é essa: músicas de L. Cohen) "So long, Marianne" nunca aquele verso: I forget to pray for the angels, and then the angels forget to pray for us foi pronunciado com tanta intensidade quanto sobre aquele palco em londres, por aquele senhor de 74 anos, que sofre de lucidez crônica.

Em outro tempo e espaço, alguns meses antes e na capital do mundo, (como os próprios habitantes da cidade gostam de falar) Madri, o argentino de Rosário, Fito Páez ,também se encontrava diante de uma multidão, só, com seu piano. Quase como o diminuto exercíto da recém fundada pátria israelense diante dos exercítos de 7 países árabes na guerra dos 6 dias. Assim como naquela página da História a minoria venceu a maioria, não com armas, mas com o poder de levar milhares de pessoas ao êxtase e as lágrimas. É comum, o arrogante público brasileiro, taxar a música feita no idioma de Sabato de: brega, passional demais, exagerada... mas em No se si es Baires o Madrid Fito tem a resposta a todo esse sentimento nacional. O terceiro álbum ao vivo de Fito, cujo título, faz um trocadilho com um verso de "Un vestido y un amor", canção que fora composta por Fito Páez, hoje com 46 anos. Quando tinha 29, em 1992. Nela, Fito encapsulou o preciso instante do enamoramento no verso: "Yo no buscaba nadie y te vi". Apaixonar-se é isso. Nada mais, nada menos. Não buscar e achar. Assim como o já citado exercíto, Fito não está assim tão sozinho. No disco, a convidada em "Un vestido y un amor" é a espanhola Gala Évora, cuja interpretação chega perto do flamenco, de tão torturada. Entre outros, Fito recebe ainda o espanhol Joaquín Sabina em "Contigo" e o cubano Pablo Milanés "Yo vengo a ofrecer mi corazón".

"No sé si Baires o Madrid"
difere de "Euforia" porque não foi gravado com um orquestra ou para uma rede de TV. Difere do duplo "Mi vida com ellas" porque não pretende homenagear as mulheres da vida de Fito ou foi coletado de diversos shows. Inteiramente registrado na noite de 24 de abril do ano passado, no Palacio de los Congresos, na capital espanhola (ou do mundo), o novo álbum traz quase sempre Fito, só, entrincheirado pelo seu piano.

É assim que ele encara uma composição de 10 anos atrás, "Al lado del camino". No cd "Abre", ela era apenas mais um épico roqueiro, sufocado pelo arranjo elétrico. Aqui, ela refulge como um hino religioso. A certa altura, Fito canta: "si alguna vez me cruzas por la calle/regálame tu beso y no te aflijas/si ves que estoy pensando en otra cosa/no es nada malo, es que pasó una brisa/la brisa de la muerte enamorada/que ronda como un ángel asesino/mas no te asustes siempre se me pasa/es solo la intuición de mi destino". Pode até ser que a arrogância musical (não compartilhada por esse que vos escreve) de um país que seguramente faz das melhores músicas populares existente, condene esse melodrama portenho, mas o sentimento de quem entende o que Fito canta, mesmo que ele cantasse em cantonês; sempre falará mais alto.

Obviamente os dois disco-espetáculos estão disponíveis para download na web, mas se vale uma sugestão de quem já empreendeu algum dinheiro em péssimos investimentos musicais, os dois discos valem ser comprados, são monolitos da boa música, noites incriveis em diferente tempo e espaço condensados em corpo de plástico, aquisições que não tem preço.


*Para maiores detalhes, leiam "Fup" de Jim Dodge.


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Vila-Matas


Fui inundado, não pelas chuvas nordestinas, mas pela literatura. E também não por uma literatura qualquer, e sim, pela literatura que se assemelha ao lavor de joalheiro de, Enrique Vila-Matas. Disse que fui inundado pois o que sai dos livros de Vila-Matas toma de assalto qualquer pequeno espaço, qualquer lacuna artistica existente; eu explico. Durante a última semana e meia, não li os jornais, não fui ao cinema, não passei na porta de exposições, me lixava para deputados, e mais ainda para a opinião pública. Se pudesse, deixaria de trabalhar (é, reconheço que isso não seria esforço algum), somente para me afogar ainda mais nas palavras fluídas de Enrique Vila-Matas.

Comecei despretensioso com um livro emprestado por uma amiga: Bartleby e companhia, que segundo a mesma, era um livro viciante, que eu carregaria para todo lugar. "E ah, Thiago, tome cuidado para não perdê-lo", foram suas últimas palavras depois de deixar em minhas mãos a edição caprichada, da sempre esmerada Cosac & Naify. Duas noites depois, fui acordado por uma ligação dessa amiga, querendo saber o que estava achando, interessada em uma posição sobre minhas primeiras impressões da literatura Vila-Matense. Notei um desanimo fugidio em sua voz, depois da resposta pouco entusiasmada: Porra, eu tinha acordado naquele instante, não dava para dar gritinhos à BBB. Mal ela sabia que dormia com o livro sobre o peito e o indicador entre duas páginas marcando o meu progresso.

Se os leitores notam algo de familiar no título do romance de Enrique, talvez seja porque o tal Bartleby é um personagem de um livrinho menor do autor de Moby Dick. A mesma amiga me emprestara em época muito perigosa as desventuras do funcionário inoperante que fora Bartleby, gostei do livrinho na época, ainda mais por poder dizer que já havia lido Melville sem ter precisado enfrentar as toneladas de Moby Dick. Mas Vila-Matas eleva a criação de Herman ao patamar da mais alta e moderna literatura pintando um mosaico de impressões sobre literatura e realidade impactante e comovente. O livro é uma declaração de amor a literatura e ao ato de escrever, belíssimo. Saí da leitura do romance com muita vontade de ler outro Vila-Matas era realmente uma dependência, tanto que fui até a livraria e não fiquei a esperar o correio com a caixinha do livro encomendado pela internet, que é a maneira que costumo comprar livros. Fui a livraria e adquiri: A viagem vertical.

A essa altura já estava com a felicidade que somente um banho de chuva de verão na infância conseguia me provocar. A leitura é muito estimulante, tanto pelas remissões literárias, quanto pelas sacadas ironicas e divertidíssimas. E eu ainda não tinha nem saído da livraria. Na realidade, toda essa alegria se dava por encontrar elementos familiares na obra do catalão, como o próprio banho de chuva que o protagonista -- Mayol -- de A viagem vertical toma sem ao menos se preocupar; a preguiça de ir ao cinema, viagens, Lisboa, Açores, Barcelona, Walter Benjamin, Fernando Pessoa, a bebida (e a distância dela). Todos os ingredientes da sua obra me cativam, e ainda são abordados de uma maneira magistral, do jeito que eu faria, se fosse mais inteligente e tivesse talento. Estou aprendendo espanhol para poder ler tudo que Vila-Matas escreveu sem precisar ficar à mercê da Cosac & Naify ou das tenebrosas traduções portuguesas.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Myron Christian, foco cosmopolita


Myron Christian, fotógrafo de arte e moda, natural de Serra Leoa realiza sua primeira exposição individual, intitulada " À procura do sagrado", no Centro Cultural Justiça Federal. Christian tem verdadeira paixão por variados segmentos artísticos, além de muito interesse por diversos gêneros culturais.

Desde muito cedo, Myron transita pelo mundo: chegou a morar na Venezuela e na Inglaterra; completou seus estudos em fotografia e fixou-se em Nova York, onde trabalhou como assistente de Mario Testino, Vincent Peters, Mert Alas & Marcus Pigott, Phil Pynter e Enrique Badulescu.

Voltando, o fascínio pela arte e as diferentes culturas foram os fatores que motivaram Myron a prosseguir com suas viagens, captando o universo dos habitantes de nações que sofrem a miséria, mas sem ser panfletário.

"Uma questão importante em seu trabalho é a espiritualidade, presente através de imagens que remetem a conceitos desvalorizados pelo homem moderno, como a integração com o meio ambiente e a religião", afirma Sharon Battat, curadora.

O olhar de Myron Christian é atento à modernidade sem abandonar as questões humanas essenciais. Além da intensidade de seus registros, existe inocência e um forte impacto: o resultado é proveniente de sua visão peculiar do universo. "Sua arte é poderosa e intrigante", encerra Sharon.


SERVIÇO:
Exposição: Até o dia 14.06.09
Visitação: de terça a domingo, das 12h às 19h
Endereço: Av. Rio Branco, 241 | Centro | Rio de Janeiro| RJ
|21|3261-2550| www.ccjf.trf2.gov.br
Entrada gratuita

quarta-feira, 13 de maio de 2009

"A esperança é o pior dos venenos..."


Sabe aqueles títulos que rondam a sua cabeça por muito tempo, aqueles, que todo mundo comenta, que lê críticas exaltadas sobre o mesmo (para o bem ou para o mal); que pessoas que considera com gostos significantes colocam em suas listas de preferidos, e nos seus discursos? Pode ser o título de uma canção, um disco, filme, tela de Klee... então, Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (Companhia das Letras, 2005) sempre foi um título a me rondar, baita título por sinal, que curiosidade consegue permanecer inativa diante da frase: "Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios"?

Marçal Aquino não era um total desconhecido para mim, antes de ser contagiado pelo seu título, sabia da sua existência desde a época do "Laboratório de roteiros Sundance/Riofilmes", em 2002, quando eu ainda me interessava por esse tipo de coisa, e do filme "O invasor" (aquele mesmo com o Titã, ou seria ex-Titã, Paulo Miklos, vá saber?) e ainda me lembrava dele de algumas reportagens do Estadão, reportagens que mais chamavam atenção pelo seu nome que pelo conteúdo.

No livro de título chamativo, Marçal Aquino revela um talento desconhecido dos meus tempos de futuro aspirante a roterista de cinema, escreve um romance magistralmente conduzido por um narrador-protagonista com quem de cara me identifiquei. Cauby (é, igual ao cantor) é um herói e tanto, extremamente bem contruído e com certeza com um bocado de traços biográficos de Marçal. Eu receberia... é uma estória de amor que cativa a qualquer um que já tenha provado o gosto de uma experiência de um amor complicado na vida.

Em uma cidade-nada do interior do Pará, que deve a sua pequna população a sede de um garimpo disputado entre garimpeiros vindos dos mais diversos rincões do país e por uma grande mineradora, Cauby, fotográfo profissional, procura pelos takes mais despudorados e belos das damas que animam a turma que caça pepitas. A rotina de Cauby, que consistia em trabalho noturno na zona e seu laborátorio caseiro e cama durante o dia, é bruscamente interrompida quando conhece Lavínia, fotógrafa amadora e ex-batedora de calçadas da capital capixaba. Lavínia nasceu em um berço espinhoso, caótica, torturada e tortuosa: esquizofrênica. Que só para complicar ainda um pouco mais a situação, é esposa de um famoso pastor. O que apoia Cauby é um manual escrito por um psicanalista chamado Benjamim Schianberg (entidade onisciente que faria o maior sucesso naquele grupo, "A Letra freudiana").

O estilo de Aquino é bastante conservador, o que não é nenhum demérito, talvez qualquer tipo de malabrismo estilístico pudesse comprometer o efeito profundamente comovente guardado nas duzentas e poucas páginas desse romance terno e total. Altamente recomendado.

O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdôo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço que gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta. Isso eu poderia ter dito a ela. Mas não disse.

***


Escolha do crítico! Um álbum novo brilhante (People Magazine)

Sua grande realização, seu 33º álbum de estúdio, sua grande habilidade em jogar para longe as expectativas que já eram grandiosas em torno de um novo disco, para montar a sequência de canções mais quentes e espontâneas dos últimos tempos (The Times)

É um trabalho poderosamente autoral de um homem que insiste em pensar por si mesmo numa época de medo, conformidade, e desumanização. Não importa o que andam dizendo, esse já é um dos melhores de 2009 (Mojo)

Não se pode dizer que o velho Zimmermann já tenha encerrado suas atividades nessa década, afinal de contas, ele anda surpreendendo. Mas o que pode-se dizer, é que tudo produzido pelo velho nesses últimos 9 anos foi impecável. Afastou de vez o estigma dos 80 e 90, quando até mesmo eu duvidava que "o cara"(já que tá na moda, ele mais do que ninguém merece o título) pudesse fazer algo que prestasse. Em ordem de preferência: Together Through Life (2009), Modern Times (2006), Love and Theft (2001) e Tell Tale Signs (2008) são obras impecáveis. Deu para notar que o mais recente é o preferido, portanto, se ainda não teve contato com petardos como: Beyond Here Lies Nothin', Jolene e Shake Shake Mamma, perdes tempo.

domingo, 3 de maio de 2009

Paisagens, lembranças e a chegada

Os planos abertos de A Janela (Carlos Sorin, 2008) e um tanto da linguagem poética - apropriada como matéria para exacerbar as lembranças - remetem à Nostalgia (Andrei Tarkovski). Enquanto a afinação do piano estabelece diálogos agonizantes com as marcações do relógio, Antonio Larreta, escritor de 80 anos aguarda a visita de seu filho em sua fazenda, no norte da Patagônia. Muito adoecido, analisa alguns dos delicados fragmentos presentes em sua sua memória.

Tanto um singelo bonequinho de chumbo encontrado dentro do piano, quanto o livro “A história universal da infâmia”, de Jorge Luis Borges - primeira edição, autografada e depois carinhosamente doada a um visitante - constituem a arquitetura de um lar onde tempo e espaço agonizam.

É difícil não remeter aos filmes de Ingmar Bergman, como por exemplo, Morangos Silvestres, onde um professor é atormentado por fantasmas e as torturas oníricas metaforicamente estabelecem um embate existencial. A análise pode ter como parâmetro Gritos e sussurros, também do diretor sueco: o claustro é deveras predominante.

Em determinado momento, o escritor contempla o campo da janela de seu quarto e parece convocado por aquela esfera bucólica. Mesmo muito enfermo, ergue-se do leito e aceita “o convite”: o estímulo parece ser pela chegada do filho, ou o ímpeto pela realização de um dos seus desejos finais.

Por outra analogia as teclas, ponteiros, badaladas e elementos orgânicos parecem anunciar a chegada de uma visitante mais temerosa..

sexta-feira, 1 de maio de 2009

En Hand I Himlen

Com que frequência você se depara com uma canção que te entusiasma, te excita? Não sei quanto a vocês, mas não é algo tão corriqueiro na minha vida, e o hiato entre esses entusiasmos musicais fica, assustadoramente, cada vez maior. Um dos últimos a despertar essa sensação de que uma canção pode mudar um dia, foi o sueco Jens Lekman, com uma das pérolas da nossa década: Maple Leaves. Aquela introdução com samplers e cordas, a letra torturada e altamente ironica, com a sabedoria das pessoas que riem de si mesmas, era tocante.

Não sei qual substância andam adicionando à água nos reservatórios de Gotemburgo, Estocolmo, Helsingborg... só sei que falar sobre música pop atualmente sem render tributos ao lar de Bergman, é empobrecer o debate. Poderia gastar toda uma tarde citando exemplos de uma cena de criatividade e qualidade só notadas, nos EUA, do fim dos anos 60 e na Inglaterra no fim dos 70 e início dos 80. Não é exagero, a cada vez que procuro novidades musicais sempre encontro um representante do país que outrora foi a vanguarda da pornografia.

Do olho do furacão surge o nome de Jonathan Johansson, cujo o primeiro disco começa por uma das melhores faixas de abertura, de discos de estréia da história da música pop. Sei o quanto é traiçoeiro e bobo essa coisa de "melhor da história, "melhor de todos os tempos", mas eu tinha falado de entusiasmo, de excitação, e quem é que não fica bobo, diante do entusiasmo? "En Hand I Himlen" (algo como "uma mão no céu") é um hit em potencial, daquelas canções que se tocassem nas rádios seria assoviada por taxistas ociosos, enquanto reforçam o polimento de suas viaturas. Apesar de todo o impacto causado pela qualidade da canção inicial, todo o disco -- que, na capa, traz uma foto em close-up do rosto ossudo do artista, lembrando até a morte do filme "O sétimo selo" -- impressiona. Há surpresas insólitas como a versão, em sueco, para o hit "Everybody wants to rule the world" do Tears For Fears. É, todas as canções são cantadas no idioma de Strindberg, mas não se assustem, embora não dê para entender uma só palavra, é uma lingua melódica e amistosa. O que não me faltou, foram sorrisinhos de felicidade incontida durante toda a execução do disco. Já é com certeza o melhor álbum de 2009. Adoraria não ter de dizer o mesmo em dezembro, pois não há nada melhor que essa excitação. Baixem djá!




Video de "En Hand I Himlen" com belas locações de Estocolmo, Lisboa, Roma e Pamplona.